"Meu nome é rádio" não conquista tanto no título, mas chama a atenção pela essência. Inspirado e bem fiel aos fatos reais, o filme conta a relação do treinador de futebol americano Harold Jones (Ed Hirres) com James Robert Kennedy (Radio), jovem com deficiência mental não diagnosticada que ele conheceu em 1976. Definido com "lento" na época, porque nenhum médico soube informar à família o que ele tinha, Rádio caminhava todos os dias solitário pela cidade sem interagir com ninguém. Até Ed Hirres notar a sua presença.
Apelidado de "Rádio" devido a sua paixão pelo produto, James passava a tarde observando o campo de treinamento e as aulas do professor. Após uma brincadeira de mau gosto armada pelos alunos, o treinador sente a necessidade de se aproximar do garoto e tentar interagir com ele. O objetivo? Segundo Hiarres "fazer a coisa certa", mas a verdade é que o professor teve uma experiência no passado que o marcou por toda a vida. Por causa disso, foi o único que se sentiu disposto a fazer a diferença e mudar completamente a história de Rádio, que passou a se expressar e se abrir para um contato maior com as outras pessoas.
Com uma excelente atuação de Cuba Gooding Jr., Rádio nos faz entender como é amar de graça e nos conquista pela inocência dos seus sentimentos. Assistindo ao filme, é impossível não se encantar por ele e pela transformação causada nas pessoas ao seu redor. Ficamos com a impressão de como as coisas podem mudar quando incluímos o deficiente na sociedade.
A relação de Rádio com a mãe é outra coisa que traz bastante docilidade ao filme. Mesmo aparecendo apenas em quatro cenas, a relação deles é bem explícita e nós conseguimos perceber o quanto de amor e carinho existe entre eles e o quanto a condição do filho perante ao mundo frustra a mãe, que sente medo de alguém fazer alguma maldade com ele definindo-o como "um jovem lento, mas de muito bom coração". Acho que todas as mães poderão se identificar com tamanho amor, principalmente na cena mais forte entre os dois. Se possível, diga aquela mesma coisa para o seu filho. Pode facilitar as coisas quando acontecer com você.
Não sei se as coisas seriam diferentes para Hirres se ele não tivesse um motivo para ajudar Rádio, mas sei que a maioria dos pais não encontram um Rádio por aí e decidem lutar por ele. Na maioria das histórias, nós pais, irmãos e profissionais decidimos mudar a vida dos "Rádios" do mundo exatamente pelo fato de que eles fazem parte de nós e não porque o encontramos pelo caminho, como no filme. Mesmo assim, nós ainda podemos encontrar uma série de "Hirres" por aí, exatamente pelo fato de que "nunca é um erro se importar com alguém".
Além disso, a história também aponta a relação do treinador com a filha. Hirres era um pai ausente por causa da dedicação que ele tinha com o futebol americano. Ao se aproximar de Rádio, percebeu que poderia ser um pai diferente, algo que também comove no filme.
O que me impressiona foi saber que Cuba Jr. não teve nenhum contato com Rádio para a construção do personagem. O ator deu um show de interpretação ao capturar a essência da história e transpôr para a tela. "Meu nome é rádio" não conquista no título, mas ganha no que tem, inspira e causa. "Sua coragem fez todos eles se tornarem campeões", e a gente termina o filme sem saber de quem o slogan realmente está falando.
Hoje em dia, James e Harold mantêm o contato e a amizade. Aos 63 anos e ainda chamado de Rádio, James mora com o irmão mais velho, a cunhada e mais um irmão com um grau de deficiência maior que o dele, além de continuar frequentando a escola e assinar o nome do mesmo jeito. Você vai sorrir quando ver ele escrevendo uma carta no filme.
Com: Cuba Gooding Jr., Ed Harris, Brent Sexton, Sarah Drew, Debra Winger.
Meu nome é rádio: Assistir Dublado