quinta-feira, 21 de junho de 2012

Entre bolhas e garrafas

Nunca poderei falar de autismo como profissional, mas sim como um alguém que conviveu com ele. Cresci com um irmão autista não-verbal três anos mais velho e ele é o amor da minha vida. Viver com ele me modificou completamente, principalmente como pessoa.


A ideia do blog surgiu após ler o relato de uma mãe preocupada em saber como seria a relação do filho recém-nascido com o irmão autista e o que poderia ser feito quanto a isso. Eu cresci sempre muito próxima do meu irmão e acho que isso é o maior passo de todos, de modo que nossa relação também é a mais íntima de todas. Eu olho para ele e já entendo o que ele quer. O meu objetivo aqui é conversar com irmãos que queiram conversar sobre a relação com o irmão autista, expôr assuntos sobre essa relação, ou até mesmo ter contato com os pais que vivem uma história parecida.


Entre bolhas e garrafas é uma alusão ao brinquedo que meu irmão nunca deixou de ter. Dependendo do grau de autismo, a criança tende a ter um apego por um mesmo objeto. Quando éramos menores, minha mãe inventou de colocar três gotas de detergente com um pouco de água dentro da garrafa de refrigerante e as bolhas de sabão chamaram a atenção do meu irmão. Desde então, isso se tornou seu eterno brinquedo. Por mais que carrinhos também chamassem a atenção, ele sempre foi fiel às bolhas de sabão.

11 comentários:

  1. Adorei a ideia do blog. Este assunto muito me interessa. Acabei de dar um irmão caçula à minha pequena e fico imaginando como será a relação dos dois no futuro. Ah, minha pequena se chama Letícia, como você. Beijoca

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  2. Letícia,
    sou mãe de autista e tenho outro filho que é típico e me emocionei com o seu relato sobre a experiência de ser irmã de autista. você escreve muito bem e traduziu o que se passa sim na cabeça e no coração de quem aceita e se entrega a esses anjos. Vou rapassar o seu texto, vai ser útil para um umonte de gente. Tenho um blog (enfrentandooautismo.blogger) e no marcador Luca eu falo da minha experiência com o meu fofucho. Muita luz para vc e o seu irmão. bjos!

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  3. Gostei da sua história.. aliás, da história do seu irmão através da sua perspectiva não é? Adoraria te seguir flor, mas não tem o link.
    Mas gostaria de manter contato.
    Beijos, vce é uma fofa e tenho certeza que seu irmão também!

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  4. Olá!
    Também sou irmã de autista!
    Minha irmã, Deisis, tem 28 (5 anos mais velha que eu) e é autista.
    Li a sua "Carta ao irmão com autismo" e fiquei morrendo de inveja, pq minha irmã não abraça. Ela é bem agressiva, e mesmo ao demonstrar carinho ela bate. Se está feliz, bate, belisca... rs
    Bom, sei que nem todos os autistas podem ser carinhosos, e nem é algo muito comum mesmo, mas faz falta...
    E concordo com o que você disse sobre isso que dizem sobre ter vontade de ouvi-los falar. Quando eu era pequena pensava muito nisso, eu tinha certeza de que algum dia ela ia começar a falar. Hoje percebo que não faria quase diferença nenhuma! A gente entende quase tudo, então ela falar "mais comida!" ao invés de pegar nossa mão e levar até o prato não mudaria tanta coisa... rs

    Caso a mãe preocupada esteja lendo:
    A minha irmã não é carinhosa como o Igor e mesmo assim eu a amo de mais e cuido dela o melhor que posso. Acho que não precisa se preocupar, o amor vem naturalmente, com a preocupação e todos os outros sentimentos confusos que sempre envolvem a família do autista.
    Na verdade, acho que a pergunta que eu mais me fiz até hoje é como ela seria se não fosse o autismo... se ela seria linda, como seria a voz dela, qual seria a profissão...
    E, em segundo lugar: pq ela e não eu? Os mesmos genes. Então pq nasceu ela autista e eu não, e não o contrário?
    Chega, escrevi quase um livro aqui! rs

    Acompanharei o blog, achei uma ótima ideia.

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  5. Amei...Recebi sua carta pela comunidade, e me encantei.Sou fonoaudióloga, trabalho com eles e cada dia aprendo um jeito novo de ser. A maioria que conheço é carinhoso, mas alguns não aceitam o contato. Mas mesmo não aceitando o contato em alguns momentos eles vem se chegando bem devagar. Gosto de ter este contato.adorei seus blogs. Vou seguir....Beijinhos e continue mandando suas mensagens...

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  6. Letícia,

    Sua "Carta" está circulando, viu? Não tenho um irmão autista; tenho um filho. Os três irmãos dele não são tão presentes como você, mas acho que, quando for preciso, estarão lá. Como pretendo entrar para o Guiness como o homem mais velho do mundo, acho que não precisarão! Tenho um blog que nunca mais atualizei, o cantodeanjo.blogger.com.br e o cronicaautista.blogspot.com - talvez você se interesse em lê-los.

    Obrigado pela sua carta, vou ajudar a divulgá-la.

    Argemiro

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  7. Adorei a ideia do blog e a sua Carta no PdH. Força! Você vai mesmo ajudar muita gente!

    Bom trabalho!

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  8. Parbéns pelo lindo texto! Sou irmão de autista e me identifiquei em várias passagens do seu texto! Acompanharei seu blog e ajudarei na medida do meu possível. Grande abraço a vc e a seu irmão Igor!

    Ganesh

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  9. Parabéns pelo lindo texto! Meu irmão é autista tb, e me identifiquei em várias passagens do texto. Continuarei acompanhando o blog e ajudando na medida do meu possível e do necessário. Grande abraço a vc e a seu irmão Igor!

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  10. Oi Letícia, vi sua carta agora no face de uma mãe de autista.Sabe voce parece minha filha rs.
    Eu Tenho 3 filhos Paulo, Filipe e Camila.
    Paulo o mais velho foi o que mais tomou conta do irmão. Um dia os dois foram tomar banho de piscina na casa da vizinha o Filipe tinha 5 anos e o Paulo 10. Não demorou muito e Paulo voltou chorando as lágrimas escorrendo pela face e o irmão pela mão -Mãe disse ele a tia não quer Filipe, porque ele tem problema. Chorei com ele. O filipe puxava o irmão p/ voltar para a piscina , não entendia nossa dor da rejeição. Ele cresceu tomando conta do irmão. E até hoje casado , vem quase todo dia ver se o irmão tá bem. A camila mais nova é diferente cuida do irmão qdo saio , mas briga com ele e Filipe briga também. Parece disputarem quem é o melhor. Acho saudável porque ela trata ela normalmente, exigindo muitas vezes uma normalidade que ele não tem. Sou feliz por eles amarem Filipe e te lendo vejo que os irmãos são solidários e tem muito amor ao irmão autista , parabéns linda, escreve mais viu? Gostoso te ler, voce sabe das coisas.........E a mamãe? como tá mãe? Ray

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