sexta-feira, 22 de junho de 2012

Sinto-me só


Lembro da primeira vez que peguei esse livro na estante de uma livraria no Shopping. Lá estava ele escondidinho atrás de uma série de publicações sobre histórias medievais. Li a sinopse para ver se a história me atraía, mas saí do local sem comprar. Dois anos mais tarde, eu voltei para aquela mesma loja e o encontrei novamente escondidinho. Resolvi levar.


O livro é um relato do jornalista Karl Taro Greenfeld sobre as fases de sua vida ao lado do irmão Noah, portador de autismo. Embora eu tenha um irmão autista, eu nunca havia lido  um livro sobre o assunto antes e fugia um pouco disso até. O motivo? Um filme que assisti durante a infância e que mostrava o autista de um jeito bobo, com uma família que não liga para ele. Achei completamente diferente da vida real e nunca mais busquei assistir nada parecido.

Sinto-me só é um livro que abordou todas as questões internas e externas de pais, irmãos, primos, tios e qualquer pessoa que tenha contato ou que viva com um autista. No decorrer da história, o autor aponta a angústia dos pais ao perceber que Noah era uma criança diferente "Por que ele ainda não anda? Por que não disse a primeira palavra ainda?". O relato da busca pelo diagnóstico é algo que surpreende devido aos  diferentes tratamentos que diversos médicos e especialistas tentaram dar à Noah e a outras crianças autistas.

De página em página, você vai ficar de olhos mais abertos para perceber a fragilidade e a solidão de Noah, como também da família. Você percebe que não existe nada bobo e nenhuma desistência, as famílias sempre buscam uma cura, embora ela ainda não exista. A importância do livro está no fato de que Karl é bastante sincero quanto aos seus sentimentos. Ele aponta que sente uma cobrança maior dos pais, que gostaria que o irmão fosse normal para serem parceiros, que se frustra com a atenção maior dada a Noah e conta sobre as diversas instituições e cuidadores que ajudaram a família a tomar conta do irmão. Karl até fala da dificuldade de encontrar essa ajuda. "... porque amor não é algo que se possa contratar alguém para dar, por mais generoso que seja o seu orçamento para a contratação de prestadores de serviço". O parente até quer um especialista para cuidar do autista, mas antes de tudo, nós queremos alguém que seja capaz de amá-lo.

Depois de ler o livro você percebe o quanto as famílias lutam pelos direitos do portador da doença, o quanto há a esperança e o quanto é errado achar que isso está longe de nós, porque a verdade é que não está. "Sinto-me só" é um livro cheio de sinceridades, e você está pronto para todas elas.

7 comentários:

  1. Oi Letícia;
    Tenho um irmão que é portador da sindrome de down. seu blog me deixou muito emocionada, escrevo com lagrimas nos olhos! Eles são realmente pessoas muito especiais, com o poder de transformar as nossas vidas. Um bjão!

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  2. Letícia, tenho um filho autista. Tenho a felicidade de ouvir a voz dele e receber seu abraço todos os dias.
    Eu quero te fazer um pedido que não parece grande coisa, mas significa muito pra mim.
    Por favor, não chame autismo de doença.
    Felicidades pra vocês e um forte abraço.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Querida, o teu blog está lindo. Virei mais vezes aqui, com certeza! Parabéns.
    Este livro eu já li e chorei demais com ele.
    www.janelinhaparaomundo.blogspot.com

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    1. Letícia, parabéns pelo blog.
      Não conheço nenhum autista, mas por ter lido e assistido filmes e documentários que abordavam o tema, conheço um pouco e foi despertado em mim certo interesse sobre ele. Com certeza tanto as pessoas autistas como as suas famílias são especiais, pois têm a oportunidade de adquirir experiências e visões sobre o mundo que as outras não têm... O que não quer dizer que seja fácil lidar com o autismo, o que não quer dizer que seja ruim... Quem vai saber? Somente quem vive! E o mais interessante é que talvez cada envolvido tenha uma opinião diferente. Mais uma vez meus parabéns! Essa troca é muito válida! Fortalece, enobrece!

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  5. recebi por email um texto seu "para meu irmao autista" e chorei no inicio ao fim. Tenho um filho autista de 3 anos e uma bebe de 8 meses. Fiquei pensando nela e espero que ela desenvolva tanto amor qto vc.
    obrigada pelo texto lindo

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  6. Letícia,

    Que página linda!!
    Te disse ontem pelo facebook, quando te adicionei que me identifiquei muito com os momentos que você passou e passa com o Igor. Eu sinto o mesmo com Juninho. RS!
    Adorei a dica do livro, vou comprar!!

    Um beijo,

    Roberta Amado.

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